Malhando – COLUNA CATARSES CRÔNICAS

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*Vânia Gomes

Depois que minha editora se mudou para os States vive nos informando sobre como tudo funciona (e bem) por lá. Bom pra ela, porque por aqui tudo continua disfuncional e, claro, quem paga a conta (e passa raiva) somos nós, consumidores. Eu poderia dar diversos exemplos, mas hoje quero “malhar” as famigeradas operadoras de TV por assinatura.

Há cerca de quatro anos, decidimos nos livrar dessa modalidade de entretenimento em casa: assistíamos pouco à TV, e os programas, especialmente os filmes, repetidos, já estavam nos irritando. Sem falar que quando chovia a TV não funcionava. Foi uma luta para cancelar, mas conseguimos, e a tal operadora ficou de vir buscar o aparelhinho transmissor. Não veio.

Após quase três anos, recebemos uma “Notificação Extrajudicial”, em juridiquês (para assustar), mas com um final bem claro: se não restituíssemos o aparelhinho, teríamos que pagar R$ 1.537,15. Era esse o valor do aparatozinho completamente obsoleto. Mas para o azar da tal operadora, não havíamos descartado a “engenhoca”. Ela estava lá, prontinha para ser devolvida, bastava ligar para o número indicado na tal notificação e marcar o dia que eles enviariam alguém.

Assim fizemos. E ninguém apareceu. Ligamos novamente, e fomos enfáticos ao solicitar o número de protocolo e o nome da atendente. Não demoraram dois dias para aparecer, e, claro, devolvemos mediante recibo. Tudo certo pra nós, mas não creio que fomos os únicos a receber a tal notificação. Dos que receberam, quantos ainda teriam o obsoleto aparelhinho depois de tanto tempo nessa vida corrida de hoje em dia? Por que a operadora não vem buscá-lo logo após o cancelamento da assinatura? Tenho cá pra mim que esse é o modus operandi — uma maneira de ganhar dinheiro se aproveitando da boa-fé do consumidor.

Para reforçar minha hipótese, recentemente meu cunhado teve um problema chatíssimo com outra operadora de TV por assinatura. Ele havia pedido cancelamento de um dos pontos de sua casa e a suspensão do serviço no período em que estaria viajando. Pois não é que a conta veio in-tei-ri-nha? O coitado perdeu mais de uma hora de seu dia para rearrumar as contas e, pasmem, não conseguiu. Ao finalizar a ligação, ele disse ao atendente: “Não precisa dizer que a XXX agradece sua ligação e outras babaquices, porque estou muito perto de cancelar tudo”. Lavou a alma de todo mundo em casa!

Ocorre que a operadora tinha uma metodologia: somente após ouvir a gravação do pedido feito há mais de 15 dias, o que levou 48 horas, é que meu cunhado foi contatado para solucionar a questão.

É incrível como nunca conseguimos fazer nada que envolva operadoras de TV por assinatura ou de telefone com rapidez e tranquilidade. Não acredito em incompetência, penso ser uma ação deliberada para conseguir mais dinheiro, já que prejuízo elas nunca têm. Será que essas operadoras são assim nos outros países? Duvido. A verdade é que não existe nada favorável e fácil ao consumidor no Brasil, a não ser a contratação do serviço. Os contratos, aliás, são sempre repletos de letras miúdas, notas de rodapé e haja paciência (e vista) para ler. Qualquer pequena mudança no contrato é dor de cabeça na certa. Para completar, a agência reguladora é ineficiente (ou conivente, vai saber?) e nosso rico dinheirinho acaba nas contas das corporations ou em algum propinoduto qualquer — do jeito que a coisa anda, não descarto essa possibilidade.

Às vezes dá até pena do pobre do atendente que, na prática, não passa de um moleque de recados, deve ganhar muito mal para intermediar as “negociações” dos consumidores com a empresa. É ele quem paga o pato em primeira instância, afinal, naquele momento “representa” a operadora. Aliás, atendentes e operadores de telemarketing são outro tema que merecem uma boa malhada, mas fica para outra ocasião.

Por ora, vale lembrar que com o advento das smart TVs e outros recursos, a TV por assinatura está, aos poucos, deixando de ser uma opção. E nossos problemas devem se reduzir “apenas” às operadoras de internet que, coincidentemente, são as mesmas de telefone e TV por assinatura. No frigir dos ovos, passaremos as mesmas raivas, ainda que tenhamos uma coisa a menos para administrar.

Da experiência em minha casa, posso testemunhar que, além da economia, tudo está melhor depois que cancelamos a TV por assinatura. Temos mais tempo para ler, sair, passear, andar no parque, ir mais ao cinema, ver gente de carne e osso, conversar, conviver. São coisas assim que, no meu entendimento, fazem a vida valer a pena!

*Vânia Gomes é mineira de Belo Horizonte e vive em Brasília desde 2001, quando se apaixonou definitivamente pela cidade. Aventura-se na escrita de contos, poemas e crônicas e é autora do livro “Histórias do Vaticano e Outros Contos”. Para conhecer mais sobre a escritora, acessehttp://www.vaniagomes.com.br. E-mail- vania@vaniagomes.com.br

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