ESTREIA DA COLUNA “Catarses Crônicas”

Vânia_perfil

Hoje, estreia a Coluna “Catarses Crônicas”,  de nossa sindicalizada e vice-Presidente, Vânia Gomesmatricula 159.

A colunista trará reflexões sobre temas diversos.

Vânia Gomes é mineira de Belo Horizonte e vive em Brasília desde 2001, quando se apaixonou definitivamente pela cidade. Aventura-se na escrita de contos, poemas e crônicas e é autora do livro “Histórias do Vaticano e Outros Contos”. Para conhecer mais sobre a escritora, acessehttp://www.vaniagomes.com.br. E-mail- vania@vaniagomes.com.br

2015: um ano para ficar na História

Não me parece que esta seja uma página infeliz da nossa história, como alguns andam reverberando por aí. Tampouco considero nossos tempos perfeitos, longe disso, mas a verdade é que as falcatruas estão vindo à tona, pouco a pouco e com uma velocidade crescente, como jamais aconteceu em nossa História. Penso que estamos faxinando o Brasil.

Duas “instâncias” saem fortes com toda essa crise. A primeira é a Polícia Federal, claro. Sem ela, sem sua isenção de ação, não chegaríamos aonde chegamos e não chegaremos aonde devemos chegar, ainda que atrasados. A segunda somos nós, povo brasileiro. Sairemos fortalecidos da crise enquanto povo, estamos sabendo das tenebrosas transações e começando a entender a trama da suja política brasileira. Não sou ingênua a ponto de achar que isso será suficiente, mas vejo esse quadro como uma quebra de padrão em nossa História.

Analisando friamente: deixamos a condição de colônia por mãos portuguesas, ou seja, por quem já estava no poder. A proclamação da República foi um golpe com forte atuação militar e de cafeicultores insatisfeitos com a Lei Áurea, ou seja, os poderosos do império. A Velha República foi desmantelada por militares que entregaram o governo provisório a Getúlio Vargas, que tratou de ficar lá por mais tempo (um total de 15 anos), com muito apoio militar. A ditadura getulista também acabou por iniciativa dos militares. Getúlio assumiu de novo em 1951 e saiu da vida para a História, em 1954. Sofremos um golpe militar dez anos depois (esta, sim, a página mais infeliz de nossa história republicana) e quem nos livrou dessa ditadura foram os próprios militares, já que a redemocratização aconteceu quando eles decidiram.

Agora é diferente, são os servidores civis da nação trabalhando com afinco em prol de todos. É a Constituição de 1988 colocada em prática, com todas as instituições de controle do Estado envolvidas. Sinto que estamos sendo libertados por nossos iguais, e isso me dá uma enorme satisfação.

Neste sentido, aproveito a oportunidade para abrir um parêntese e dizer à V. Excelência, Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha:

“Meu senhor, quem não deve não teme. Se V. Excelência não tivesse a mínima suspeita pairando sobre sua cabeça, certamente não haveria necessidade de gastar recursos do Estado brasileiro com busca e apreensão em recantos de sua influência e de seus paus-mandados. Naturalmente, esse argumento serve para todos os outros envolvidos nas operações da PF, incluindo o senador preso e o filho do Lula, ou o próprio Lula. Por favor, compreenda que o alvo da PF não é um ou outro partido político, mas qualquer pessoa física ou jurídica que atente contra a nossa nação, esteja ela ligada a que partido for, ou mesmo a nenhum. Mas o seu caso é agravado porque V. Excelência é Deputado Federal, Presidente da Câmara dos Deputados, e ainda utiliza seu cargo público para manipular o rumo das investigações sobre sua pessoa e, mais ainda, o julgamento de seus atos. O que mais o senhor queria? Huuum, deixe-me adivinhar: talvez o mesmo que o Francis Underwood. Ocorre que isso jamais poderia lograr êxito, suas aspirações são totalmente diferentes. Frank quer poder, nada de contas na Suíça, nada de Jesus.com e outras do gênero. Frank Underwood é bem mais inteligente e focado. Frank é um criminoso imoral, amoral, sem um pingo de ética, mas não mexe em dinheiro que não é dele (pelo menos não mexeu até o final da terceira temporada de “House of Cards”). Já o senhor, bem, há dúvidas quanto a isso, para dizer o mínimo.”

“Também me parece que o senhor despreza seu povo e acha que o ‘mal’ que lhe atinge é uma encomenda do governo ao qual o senhor se opõe. Não é. Ou seria mera ‘coincidência’ que alguns do PT e o senhor e seus paus-mandados estejam envolvidos nos mesmos esquemas? Um dia a investigação chegaria aos seus domínios. A teia é complexa, mas nossos bravos agentes e delegados da PF a estão desemaranhando, dentro da Lei e dos princípios constitucionais. Apesar de ser o Presidente da Câmara, tenho cá minhas dúvidas se o senhor sabe o que é isso.”

Fecho o parêntese.

Este ano de 2015 foi, portanto, um ano diferente. Estamos conhecendo todo o potencial de nossa democracia e de nossas instituições a cada prisão de um bambambam corrupto. Ousaria dizer que estamos no começo de uma nova era, apesar de todos os problemas. Sou intrinsecamente otimista, e vejo que estamos escrevendo uma página de nossa História que dará muito orgulho aos nossos futuros compatriotas. Estou certa de que teremos de volta nosso orgulho de ser brasileiros e de ter feito uma faxina completa em nossa política. Estamos apenas no início.

Como ainda estamos só começando o ano, desejo a todos um Feliz 2016!

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